Coisas que me irritam - Pt 1
Adoro amores de fim de semana e de mês sim mês não. Adoro a forma como começam, como se fosse um namorico de Verão, e adoro ainda mais a forma como se prolongam no tempo fazendo uso das redes sociais para criar uma timeline de ilusão. De ilusão porque apenas se fotografa aquele dia sim. O dia não é como se não existisse. E são mais os dias em que não do que os que em que sim. Mas ninguém quer saber porque no final do ano o Facebook relembra com 20 fotografias (tiradas em 3 céleres ocasiões) todo um ano CHEIO de lembranças. E depois o tempo passa. E de repente “1o aniversário de namoro”. Mas que namoro? Onde estavas quando ela estava doente? Onde estava ela quando tu estavas em baixo? Ao telefone? No Skype? Com sorte a imagem congelou bem a meio do beijo virtual que nunca deram. Tudo não passa de uma mentira. Um namorico de Verão que ninguém soube terminar. Não acredito nestas relações pseudo-românticas à distância. E é tão bom fugir à pressão social fazendo uso da mítica frase “numa relação com”. Não és apelidado de gay nem de freak, nem de encalhado ou weird. És aquele gajo que tem a sorte de ter alguém mas que por força do universo não tem a sorte de a ter lá. Todos os dias. Adoro estes namoricos cheios de “tas a ver como estou feliz?”. Adoro a forma como continuam a poluir o espaço cibernautico de nada. De ilusões. “Olha ele deu-me um presente.” - foto. “Olha fomos beber café.” - foto. “Olha estamos no sofá” - foto. “Olha ele vai-se embora. Volto a amar-te quando regressares” - a ultima foto até ao próximo dia sim. E naquele interregno em que se suspendem respirações, suspendem-se atualizações de timelines. E a vida acontece. Todos os dias. Seja dia sim ou dia não. Contigo ou sem ti.