Diário de Bôrdo (como dizia a hospedeira) "wannabe"
Depois de muitas cabeçadas e pontapés:
- "Vou!"
- "Não vais!"
- "Vamos ver..."
A 26/7 agarrei nas trouxas, bilhete de avião na mão, iPod no bolso, "O Espelho Negro" de Juliet Marillier na mala e embarquei com destino a London, UK.
"Retrospectivando": os meus pais não percebiam porque motivo havia de ir de férias com uma amiga e não com o namorado (de longa data), o namorado não estava propriamente contente e no trabalho não havia grande hipótese de ter dois dias de férias. Adiante.
London @ 1st sight: "Good afternoon ladies and gentlemen. It's 14º outside, raining, a bit cold and very different from Lisbon". O caminho até Londres foi tranquilo, com muita chuva, mas sem stress. Já a procura do hotel nem tanto! Ninguém nos dava indicações correctas ou simplesmente recusavam-se a falar connosco. Chegámos mesmo ao cúmulo de estarmos na rua do Hotel e de nos dizerem "não conheço essa rua". GOD DAMN IT! Enfim, lá demos com o hotel depois de andarmos para trás e para a frente, graças a um senhor que distribuía o Jornal Metro em Victoria Station.
O Hotel: O atrofiado da recepção (muito simpático, por sinal) deu-nos um triple em vez de um twin room! yuppiii! a minha amiga afiambrou-se à cama de casal, não deu hipótese! O quarto era tal e qual o que anunciavam no site, não muito grande, mas muito limpo e acolhedor... perfeito!
Piccadilly Circus: a primeira saída tinha de ser em Piccadilly. Victoria já estava muerta às 8h da noite mas Piccadilly está sempre cheio de vida!Aqui, assim como em toda a cidade, a frase "todos diferentes todos iguais" assenta que nem uma luva. Em pleno Starbucks, um grupo de jovens árabes, bebiam descontraídamente o seu cafézinho, segurando os seus telemóveis (Motorola cor-de-rosa). Cá fora, Mercedes SLR, Lamborghinis, Limousines, um show! Depois de uma trágica refeição no McDonalds (qual turista sem dinheiro), fomos ao Cheers, "aquele bar". Não era muito parecido com a série dos 80s, mas era engraçado e a música era porreira. Por volta das 23h30 voltamos para o hotel... sim, porque isto de estar dependente do tube tem muito que se lhe diga e trocam-nos as voltas com uma facilidade alucinante. Thank God que uns turistas italianos, muito simpaticamente, nos indicaram a melhor forma de chegar a Victoria.
Natural History Museum, Science Museum, Greenwich e Tate Modern: o segundo dia foi sempre a bombar. Desde que acordamos e depois de muito nos rirmos ao pequeno-almoço por causa de um british bêbedo que se queimou a fazer torradas e deu o seu pequeno show logo de manhã, apanhámos o tube em direcção ao Museu de História Natural e ao Museu da Ciência. Impecavelmente bem situados, um ao lado do outro, enriqueceram a nossa manhã com uma série de experiências novas e muita interactividade. Sem dúvida dois museus a incluir no plano de viagem, especialmente para quem tem crianças. De lá seguimos para o cais de Westminster, onde vimos o Big Ben, as Houses of Parliament e a Westminster Abbey para apanharmos o barco para Greenwich. A viagem demora aproximadamente 1h30 (talvez menos) e, tratando-se de um barco de turismo, temos direito a explicações várias sobre os monumentos e locais pelos quais vamos passando. O tempo estava a nosso favor... não chovia, apenas fazia um ventinho filho-da-mãe, mas nada para o qual não estivessemos preparadas. A subida até ao Observatório é terrível... íngreme e longa... quando chegámos, tinhamos uma fila de meio kilómetro para tirar fotografias no Meridiano (as típicas com um pé de cada lado da linha). Muito giro o parque de Greenwich mas tenho pena que os "amistosos" esquilos não tenham dado um ar da sua graça. Fomos a um supermercado comprar umas coisinhas para comer e abancámo-nos num banco de jardim a petiscar sushi e sandes até vir o barco de regresso. Depois de Greenwich fomos para a minha Galeria favorita: a Tate Modern. Andámos imenso até lá chegar porque o local não está muito bem servido em tubes, mas valeu a pena. A visita durou até perto das 22h00. Vimos desde a obra de Piero Manzoni ("Merde d'Artist" ali dentro da caixinha pronta a rebentar ehehe), até Mondrian, Andy Warhol, Kandinsky, Duchamp e a sua "Fountain" (o mijadouro)... espectacular (agradeci a mim mesma não me ter baldado às aulas de Semiótica no 3º ano)! Quando saímos chovia imenso mas isso não nos impediu de continuarmos a andar até encontrarmos um local para comer ou melhor... até nos perdermos por completo! Andámos às voltas, passamos pela St.Paul's Cathedral, pela zona toda da City mas os restaurantes já estavam todos a fechar e nós completamente perdidas, podres de cansaço, a morrer de fome... até encontrarmos o nosso Salvador: MCDONALDS! Nunca um BigMac me soube tão bem... além disso, conseguimos indicações que nos permitiram regressar ao Hotel sem grandes espigas.
Portobello Road, Tower of London, Hard Rock Café: saímos todas empolgadas (claro, não fossemos nós GAJAS) para andar e andar e andar, em Portbello Road, às COMPRASSSS! As primeiras ruas são uma seca, muita velharia, bugigangas... mas depois é só roupa, sapatos, malas... quase le paradise, não fossem os preços, como é óbvio! Mas conseguimos feirar sem ficarmos nas lonas. Os pés e as pernas ainda se queixavam do dia anterior e foi dificil manter o mesmo ritmo. Saímos de Portobello perto da hora de almoço e sabíamos que tínhamos mesmo de apanhar um autocarro porque mais uma vez, o tube trocou-nos as voltas e nós queríamos ir para a Tower of London. Depois de muita confusão, lá conseguimos acertar com o autocarro, mas estava cheio... só ao terceiro autocarro é que conseguimos entrar. Mais uma vez de estômago colado às costas, entrámos no EAT, uma cadeia muito popular de comida so-called orgânica, perto da Tower of London. A Tower não é "a" tower são "bué" towers, cada uma com a sua função no tempo dos reis e das raínhas (ehehe). A Bloody Tower, a White Tower, a blablabla Tower... é um espaço engraçado, mas o melhor são mesmo as Crown Jewels que faz qualquer um babar-se pela ostentação e riqueza e, como é óbvio, faz qualquer menina aspirar, um dia, ser princesa! Depois das Towers quase todas fomos descansar um bocado em pleno passeio, ainda dentro do espaço da ToL e qual não é o nosso espanto, quando um grupo de artistas vestidos à séc. XV, pára para dar indicações a uma velhota de cadeirinha de rodas. Até aqui tudo muito bem, não fosse a minha amiga gritar: "O HOMEM TEM O COISO DE FORA!"... e não é que tinha mesmo?! Bem, fosse o que fosse, não era verdadeiro, era de plástico ou algo do género, mas de qualquer modo foi um fartote de riso. Arrastamo-nos até ao autocarro e depois até ao Hotel para descansarmos, pousarmos as compras e fazermos uns valentes saltos para a cama: "E se partimos a cama?", "É muita mau...", "CAGA!!". Saímos para jantar (mesmo ao lado do Hotel), a primeira e única refeição decente naquela cidade (pagámos por 4 McDonalds) e depois fomos até ao Hard Rock Café. Óbviamente que a belas das turistas não saem com mapas, nem indicações, nem nada... chovia a potes e perdemo-nos mais uma vez, até que nos lembrámos de ir de táxi. "Põe-te à frente do carro e acena!" - entrámos no táxi "Good evening sir, hard rock cafe, please", "Hard Rock Café? It's over there!!", "Where?", "Overthere!", "We've been there... and haven't seen it anywhere", "Overthere, right across the street". Muito bem, o táxista recusou-se a transportar-nos e nós tivemos de ir à chuva até ao HRC, quando o "right across the street" significava uns bons 7minutos a pé. Ao menos entrámos dentro de um táxi tipicamente inglês e não pagámos nada! Ehehehe Ensopadas até ao tutano, entrámos no bendito café, só porque a minha amiga prometeu a um amigo que faz colecção de t-shirts Hard Rock, que lhe trazia uma de London City. Cansadas e ensopadas não havia muito a fazer senão regressar ao covil. Ainda nos divertimos a tirar fotografias à chuva. Já na rua do hotel eu, distraída como sempre, quase que me atirei para o chão por causa de uma pedra mal calcetada... foi o suficiente para dizer "AI" ao qual um homem que estava à porta de um dos hotéis respondeu "Hi!!". Pronto, perguntou-nos de onde éramos, para onde íamos, se queríamos ir com ele que pagava tudo... A conversa ia mal principalmente para duas gajas sozinhas numa foreign town e foi um "ADEUS" muito rápido e segue para o hotel.
Sightseeing Bus e Goodbye London: acordámos cansadas, maldispostas e fomos dar a voltinha da praxe pela cidade, em jeito de despedida e para não cansar mais os pés. Passamos por locais que, infelizmente, 3 dias não nos permitiram conhecer. Perto do 12h30 chegámos a Victoria Station, fomos abastecer a barriga e a mala de comida, comprar uns (poucos) souvenirs para o namorado, que não queria que eu viajásse, saber que não me esqueci dele e fizemos o check-out. O nosso EZY era em Luton, pelo que tivemos de apanhar um EZYBUS para o aeroporto. Trágicamente (não foi assim tão trágico, mas pronto, é só para dramatizar) apanhámos um acidente na estrada, a única que ia para o aeroporto e, por pouco (também não foi assim tão por pouco), não apanhávamos o avião. A viagem foi tranquila, com muito cochilanço pelo meio. Temperaturas: London - 16º / Lisboa - 36º.
Depois de Amsterdam em 2006, London em 2007.
Já começo a preparar a próxima viagem!