Desilluminati
Uma clássica conspiração em tempo de Outono. O tempo muda tudo, desenganam-se os cépticos e encorajam-se os descrentes. Caem as folhas e surgem os esquecidos pensamentos, afinal conclusões em tempo de praia nunca sobrevivem ao fim dos dias de calor. Escapa-se-nos a sensualidade do Verão e deparamo-nos com o pôr-do-sol mais laranja e ainda aquelas dúvidas inquietantes. Retomam-se as conversas de café e de um local opcional todos nos deparamos com o que sobrou do Verão, balanço efémero com contrastes de memórias do que foi e do que deveria ter sido. A mais-valia de estar em alta é ultrapassada pelo momento à lareira do eu com o frio real sustentado por babes despidas no televisor. É Outono e não quero mais ter que sair de casa, e não estou deprimida nem me esqueci de como é estar na maior. As folhas caem e eu também quero poder apenas ser e que isso não signifique nada para além disso.
Se o frio bater à porta antes do tempo quero responder-lhe com um sorriso, porque hoje me lembrei do que quer dizer a palavra liberdade. Sem imposições, quero rir só porque sim e não rir só porque não, sair para ficar relaxada ou não ir a lado nenhum para activar todas as ideias e sensações. Cada um é espelho de si mesmo, assumo o meu reflexo não comunitário, ele é apenas meu. E engloba tudo desde sessões de sexo tórrido, a domingos de cinema em casa com deprimentes meias de lã.
Espero do equinócio a revolução, acordar e adorar segundas-feiras. Crescer no Inverno e descansar no Verão.
Rótulos, só nas embalagens dos produtos a consumir, que as nossas cabeças continuem redondas apenas para os pensamentos poderem mudar de direcção.
Delicioso.
RKL.